sábado, 10 de maio de 2014

A BELEZA DA MORTE



Quando a morte fazia parte da vida


E no chão as folhas lindas, coloridas (na foto algumas que eu peguei no caminho). 

A maioria delas não era verde. Estavam em um colorido estado de decomposição. Lindas, vibrantes e morrendo. Me fez lembrar que a morte já fez parte da vida. Morrer lentamente se acostumando com essa idéia, entendendo o momento - como na gravidez quando o corpo se prepara, acostumando aquela mãe e a família a uma nova idéia, uma mudança. 

Já morremos em casa aos olhos de todos e não sozinhos em hospitais. A morte anda escondida, feia, renegada.  

Hoje na "Caminhada com Yoga", um projeto da Claudia e do Guto do Espaço Yoga Shiva, passeamos pelo Parque Estadual da Cantareira das 9h as 16h parando para práticas e banho de cachoeira. Um lugar especial, muito próximo de São Paulo, área de conservação. Mata linda, tudo pulsando, sol entre as muitas espécies de árvores, borboletas e passarinhos. 

A morte temível e assombrosa não é assim em todos os lugares.  Olhando com atenção pra essa mata posso ver mais plantas mortas do que vivas ou nascendo e esse movimento é vida. Até a palavra morte fez pouco sentido no dia de hoje. Ela é vida, é mecanismo da vida, instrumento pra vida. 
É vida e vida.

Ganhei ela de presente quando cheguei aqui, me acompanha a cada passo, não preciso trata-la como uma desconhecida. 

#bemvinda

sexta-feira, 9 de maio de 2014

ALMAS ARTISTAS

pra falar do que vem do coração e a ele se dirige


Dificil definir artista... e alma então, nem se fala. Mas acontecimentos comprovam a existência dos dois. Dar aula é uma das maiores experiências que eu vivo, trabalhando com atores, executivos, escritores, DJs, pessoas que querem expressar suas idéias através da fala e do corpo. Fui professora na Faculdade de Artes do Paraná e na Escola Superior de Cinema e TV do Paraná, a CINETV, nos cursos de Bacharelado em Artes Cênicas e Cinema, cuidando de Interpretação, Improvisação, Direção e Laboratório de Interpretação voltado a diretores no Cinema. E eu reprovei alguns alunos, o que não é decisão fácil. Quando fui convidada pra dar aula eu exclamei “Mas eu quero um mestre, não quero ensinar nada!” e o coordenador do curso respondeu “Esse é o professor que nós estamos procurando” com essa ele ganhou e foi assim que me joguei nesse mundo de aprendizagem que é onde eu mais cresço. 

Uma das alunas que eu reprovei em improvisação - não lembro o motivo hoje - encontrou uma nova paixão e eu acompanho sua carreira de longe, virei fã. Hoje tive a incrível possibilidade de conhecer seu ateliê na Av. São João em São Paulo e comprar uma de suas obras. É a artista Fefa Românova (fefaromanova.com). Tenho orgulho dela e ela de mim e esse encontro foi poderoso. Conhecer o ateliê de um artista é algo revelador. Revela nossa relação com a arte e nossa intimidade com a alma, com o que está dentro, com o que floresce. É difícil descrever em palavras essa sensação de invadir a convite um lugar sagrado e sentir-se em casa.  A foto que ilustra o texto é do ateliê dela, que também é sua casa.

Nesta semana também conheci o estúdio do fotógrafo Marcio Scavone (http://www.marcioscavone.com.br), construído e cuidado por ele. Um lugar que é interessante desde a rua, coberto por eras como se chegássemos em um castelo medieval abandonado e misterioso recheado por um vento pesado de sabedoria e respeito. Um vento de consciência que te envolve e faz com que algumas horas virem décadas, algumas palavras virem leis, uma conversa entre príncipes que será comentada por seus decendentes. Tudo lá é importante, cada gesto, cada olhar. Aquele estúdio é uma super lupa da história das imagens. Todos viramos retratos! Eu estava lá como preparadora de elenco, parte de uma equipe fera, para descobrirmos juntos melhores maneiras de apresentar algumas idéias.

E quando estes encontros acontecem só o amor é capaz de tomar a frente. Só ele abre estas portas, proporciona encontros assim. Eu costumo dizer que quem tem muito amor no coração não tem amor nenhum porque ele não é um sentimento e sim uma prática. É ele a generosidade de dividir sua alma com outra pessoa, de ouvi-la. E é também ele que te dá a firmeza de reprovar um aluno sabendo que isso irá interferir no seu futuro, no que ele pensa sobre si, nas suas convicções. Ser professor é dar a mão e assumir o risco com o  aluno. São duas pessoas correndo honestamente de peito aberto em uma direção que não tem fim, não tem linha de chegada. As vezes nem a direção é tão clara assim, tudo é possibilidade (e nessa hora não tem funções nem nomes é só experiência: troca, consciência e descoberta)  Ser professor é ser apaixonado pelo caminho da alma, confiar nela e em possibilidades sem limites. 

Obrigada a todos os mestres alunos que rescrevem o meu caminho com suas vidas! Vocês fazem de mim uma crente!!!